Será que as pessoas costumam parar para pensar nos benefícios que o ócio sempre trouxe e traz à humanidade? Isso é muito sério! Quer ver? Pense, por exemplo, em Isaac Newton: é necessário que o camarada esteja sem absolutamente NADA para fazer para que pense em por que as coisas caem. Veja se você, trabalhador assalariado, que mal tem uma folga por semana – que nem sempre cai no domingo – para ficar com a família, jogar seu futebol ou dormir o dia inteiro, ficaria pensando em porque as coisas caem. Pois é. O que seria da Física se não fosse o ócio – também conhecido como vadiagem ou, como costumamos dizer na Bahia, “boresta” – ?
O mesmo se aplica à Filosofia: Sócrates, Platão, Nietzsche e companhia eram, na verdade, grandessíssimos desocupados. Não vá pensar que estou usando essa palavra num sentido pejorativo. O fato de terem sido desocupados não os torna menos dignos nem menos brilhantes do que sabemos que eles foram. Só estou querendo dizer que é necessário que seja dedicada uma boa parte do tempo da vida de uma pessoa para que se pense em questões como “quem somos”, “de onde viemos”, “para onde vamos”, “por que praguejamos tanto contra o capitalismo mas não dividimos nem a comida”, “por que as mulheres dizem que querem um homem sensível e fiel mas, no fundo, se derretem por um cafajeste” – se bem que essa última tem mais a ver com a Psicologia. Pessoas que foram designadas pelo destino para pensar sobre essas questões precisam e merecem ter (muito) tempo livre.
A Literatura também deve muito ao ócio. Um amigo, uma vez, me disse que a arte de escrever é a arte de observar as coisas e as pessoas. Convenhamos que o exercício da observação – se ela for minuciosa – demanda um bocado de tempo. Muitos escritores são capazes de passar horas imersos na observação de uma paisagem qualquer, num simples vai-e-vem de pessoas na rua, ou numa fofoca de vizinhos. Fora essa coisa da técnica na Poesia. Metrificação, tipos de rima etc. Isso dá trabalho! Isso tudo se estende aos artistas em geral.
Essa coisa toda tem a ver também com aquele ditado que diz que “mente vazia é a oficina do Diabo” (eu e meus clichês). Vamos tentar enxergar o lado bom da tal oficina: quanto menos coisas você tiver para se preocupar, mais você poderá se dedicar a atividades às quais a maioria das pessoas não dariam a mínima e que são de extrema importância para o equilíbrio universal. Pense aí: sua mente pode ser até mais do que uma reles oficina de um demoniozinho com tridente de latão; ela pode se tornar uma verdadeira linha de montagem movida por uma legião de capetinhas serelepes liderados pelo grande diabão que é a sua total falta do que fazer. Uma Revolução Industrial dentro da sua cabeça! Ah, tá gostando, né? Ter idéias geniais e não fazer nenhum trabalho braçal, hein! Então, façamos um brinde ao ócio!! Viva a nobre arte de nada-fazer!! É, mas vamos com calma! Já que nem eu nem você somos gênios, vamos tratar de trabalhar, que a gente ganha mais, né?
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ResponderExcluirDias de rede são produtivos, pode apostar, o que mata são essas necessidades criadas pelo homem, todo esse "progresso" que mais parece uma loucura!Não há tempo para "lirismo", é preciso fazer as coisas evoluirem, construir o mundo ao redor e que se dane os pensamentos. Hoje em dia é dificil encontrar reconhecimento para o que venha a ser arte, tudo virou desilusão, e o tempo de sobra caiu em "boresta" mesmo. É melhor seguir como está no manual, onde dinheiro não compra felicidade mas abre todos os caminhos...hehhehehehehe ;)
ResponderExcluirAhhhh, joinha o blog, prato cheio para uma fã dos seus textos...hahahahahaha sabe como eu me divirto!!!!! =}
Beijaoooo
Vamos com calma mesmo!!!! huahua
ResponderExcluirIsso me faz lembrar que gênios (leia-se nós) criamos uma matéria importantíssima para a construção da vida acadêmica, e que foi inspirada por todos estes Grandes Mestres que você citou. A matéria: Introdução ao Ócio. Levada muito a sério pelos criadores e adeptos da seita. É quase uma religião!!!!
Sem palahaçadas. Muito bom o texto, honey!