segunda-feira, 22 de junho de 2009

DE REBUS MATRIBUS

Pelo desejo de um par ele foi concebido

Embora poucos o quisessem, ele nasceu

Quiseram levá-lo; ela não deixou

Alguém que deveria ficar partiu

Mas ela não o abandonou

Lutou

Enfrentou o mundo

Desafiou a fome

Protegeu-o dos ecos das vozes que teimavam em praguejar

Contra aquilo que seria vergonha para muitos

Mas orgulho para outros

Principalmente para ele, nos anos que se seguiriam

E, coberto pelo manto de Ceres, ele cresceu

O ambiente era turbulento

Ele via o ódio sair de onde deveria sair o amor

E o amor, de onde esperava-se mágoa

Sofria vendo-a sofrer e quase desistir da vida

Não entendia porque as coisas eram assim

Não se conformava com aquilo

Parecia utopia querer que aquilo tudo acabasse

Mesmo assim ele suplicava

E assim descobriu a fé, que vinha não se sabe de onde

E que o ajudava a lembrar de que ainda era uma criança

E que talvez, quando ele crescesse, aquilo acabaria

E contra todas as probabilidades, ele se desenvolveu

Mente sã, corpo são, a despeito de algumas marcas

Descobriu que podia cicatrizar

Ela se descobriu muito forte por ter sobrevivido

Por conseguir sorrir e mostrar a ele as flores no meio das pedras

Ela, que, muitas vezes, preferia ferir-se nos espinhos

Ao invés de despetalar a rosa

Ergue-o e é erguida por ele

Ceres sorri novamente e zela pelos dois.



Um comentário:

  1. Engraçado! Só agora passeando por aqui é que consegui entender a verdadeira magnitude deste texto.
    E não é que eu chorei?!
    Ceres sorri e me faz sorrir também, por ter me dado de presente essa pessoa maravilhosa e linda!
    Obrigada por cada segundo, por cada momento e pelo fôlego que você me proporciona!
    Amo você, muito mesmo.
    Pra sempre!

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